Entrevista com o Grupo Cultural OLODUM



O consagrado Grupo Olodum, fundado como bloco carnavalesco em 1979 e hoje considerado uma organização não-governamental reconhecida como de utilidade pública pelo governo da Bahia no Brasil; mistura ritmos que inclui batuques africanos, reggae, samba e ritmos latinos e milita em movimentos sociais contra o racismo e pelos direitos civis e humanos da raça negra no país. Em tournée pela Europa, o Olodum também cumpriu sua agenda em duas cidades da Suíça, em Basel e em Zurique nesse último dia 10.09.05; deixando a empolgação do seu ritmo contagiante em quem compareceu ao Volkshaus para prestigiá-los e dançar ao som dessa banda que veio com 25 componentes. Eis a entrevista que eles nos concederam momentos antes do seu show.

Que receptividade vocês têm do público quando vêm a Europa?
Nós nos sentimos em casa. Já viajamos há quinze anos pela Europa. É impressionante o quanto as pessoas cantam em português e a gente se sente como se estivesse em um dia de grande ensaio no Pelourinho em Salvador. A satisfação é total. Através de um simples toque, do som, consegue-se espalhar essa maravilhosa magia da raça negra para todos.

Qual o ponto mais característico da música de vocês?
Religiosidade. Informação. Cultura.

Obstáculos na carreira que repercutiu em todo o grupo:
A violência policial dentro da cidade de Salvador contra o Olodum. Durante ou depois dos ensaios sempre existia repressão militar contra os componentes do grupo. A falta de patrocinadores até hoje por parte dos empresários do país e da cidade. A arma do Olodum é musical e reage contra a falta de oportunidades e a exclusão do negro em diferentes segmentos da sociedade brasileira. Um exemplo é a estipulação de quotas (quantidade) de negros aceitos nas faculdades privadas e federais do país, que não pode ultrapassar mais do que 20% que vigora até hoje e é aceito pela sociedade brasileira como sendo razoálvel e natural.

Qual o show mais inesquecível do Grupo Cultural Olodum?
Todos que foram realizados por artistas estrangeiros que vieram até o Pelourinho e divulgam pelo mundo inteiro as imagens e o som da cidade de Salvador. É o eco da cidade, do nosso povo e do nosso país que faz todo e qualquer show do Olodum inesquecível. O Olodum recupera socialmente uma boa parte de um população discriminada em pleno centro, em um bairro pejorativamente abandonado, largado pela burguesia da antiga primeira capital do Brasil.



Entrevista com o Grupo